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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Frankenboy

Despreocupado sentado em uma desconfortável cadeira na lachonete, o garoto desfrutava de seu lanche plástico e fabricado, divertindo-se com pensamentos fáceis e alegrias bobas. -Na verdade, você é fragmentado, ela disse -Não age como um todo e muda seus padrões respondendo a estímulos externos.

O garoto se deteve, chocado com a revelação.“Será que realmente sou fragmentado?” Pensou em diferentes momentos de sua vida, em formas como agia e como tinha agido nos últimos tempos. Tentou enxergar um padrão em suas ações e acabou por ver um ciclo. Percebeu que momentos de grande tensão o forçavam a mudar de faceta.

-É, sou fragmentado. Pensou em um porquê. Autodefesa talvez? Provável. Mais um jeito de parecer ter maturidade para lidar com uma situação específica do que outra coisa. Como se usando a face família estivesse preparado pra enfrentar tais problemas, entretanto, vulnerável a outros. Quase com um pano pequeno, que cobriria coisas descobrindo outras. “Então porque não costurar essa colcha de retalhos?”.

Muito ousado. Perderia grande parte de sua personalidade nos arremates. Mas mesmo assim ele o fez. Cortou pedaços de seus vários fragmentos para que pudesse se encaixar e começou a costurar uma nova personalidade.

Embora estivesse com medo, a idéia de ser completo excitava-o. “Serei uno!” pensava com uma expectativa palpitante. No entanto, qual foi sua surpresa quando finalizou o trabalho e percebeu que não conseguiria cobrir-se completamente com sua colcha de retalhos. Faltavam partes e era tarde de mais pra voltar atrás. E assim viveria. Como um Frankstein de arquétipos, só que com alguns membros faltando.

-Seu hambúrguer está esfriando, ela disse.

-Tudo bem, não estou mais com fome mesmo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008