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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Clichés do teatro amador

Quanto a recursos:
  • Usar roupa preta como figurino achando que está sendo super original e que ainda está disfarçando o baixo orçamento ou a falta de organização para ter figurinos decentes
  • Fazer uma cena em que todos os integrantes do grupo ficam falando ao mesmo tempo para fazer vozes de fundo para um "Narrador". O sentido dessas vozes é que menos importa.
  • Sair do palco. É super legal os atores sairem do palco no meio da peça. Mesmo que isso não tenha um porquê. Fica ainda melhor se cada um correr para um lado, um bem distante do outro, aí a platéia não pode acompanhar a peça como um todo.
  • Os objetos de cena nunca fazem parte do enredo ou ajudam a contar a história. Eles funcionam mais como um complemento do "figurino" do que como objetos de cena propriamente ditos.
  • Fazer o público participar da peça DE QUALQUER JEITO. 

Quanto ao tema:
  • Romantizar figuras artísticas como poetas, músicos ou pintores fazendo que eles pareçam muito superiores a qualquer outra classe.
  • Julgar e condenar todas as pessoas que têm muito dinheiro, como se elas não tivessem que trabalhar para mantê-lo.
  • O enredo não conta uma história e não tem personagens. Ilustra somente uma condição ou um sentimento. Nas raras exceções em que há uma história nunca segue a ordem Começo-Meio-FIM.
  • Colocar piadas internas do grupo dentro da peça, como uma frase ou música que marcou o grupo. Afinal, todo o público acompanhou a trajetória do grupo e sabe exatamente o porquê de aquilo estar na peça.
  • Generalizações em geral em que TODO mundo vive uma vida robótica e automatizada, com certo quê de "culto à loucura"

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Diário de Bordo pág 26

Mesmo atrasado, desmotorizado e com muito calor. A apresentação do fim do curso já está quase toda terminada: um grande colcha de retalhos de tudo o que nós fizemos durante o ano e, pra ser sincero, eu sempre achei mto colchas de retalhes muito feias.

Várias esquetes que surgiram de propostas e propósitos diferentes unidas por um delicado e tênue contexto. Sem personagens, sem nomes, sem psicológico. Raso.

Todos os "personagens" querendo apenas transmitir apenas um mesmo conceito, diferentes ponto de vista. Isso eh coletivo demais pra mim. Isso é Uno demais pra mim, quase massificante. Pessoas são formadas por suas próprias experiências pessoas e possuem pontos de vista IGUAIS sim, mas com processos de formação DIFERENTES.

Soma-se isso os fatos de figurinos não pensados, boicote a recursos técnicos e distorção de idéias minhas de recursos de palco.



Isso só reforça uma idéia que eu tinha desde crinaça: só quem fez a colcha de retalhos acha aquilo bonito.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Jaqueta da Vitrine [3]

"Eu não preciso de uma nova jaqueta. Eu nem costumo usar jaquetas."

Eu andava por uma rua qualquer, em um dia qualquer com minha caminhada desatenta. Eu na calçada e ela vitrine. Meu olhar corria por todos os lados até ser surpreendido. Ela me seduz, quase chama pelo meu nome. Exposta em um manequim só para ela, reinava soberana em seu domínio de vidro tornando todas as outras peças quase invisíveis. Era linda: de couro, imponente, daquelas que transforma qualquer um em mocinho de filme de ação.

Fisgado, eu viro o rosto para olhá-la, dou dois passos para trás e caminho em direção a vitrine. Admiro-a e, por alguns segundos, ela já está no meu corpo, perfeita, concebida para mim. Observo as linhas de sua costura, sua cor, cada detalhe da peça até finalmente perceber uma minúscula plaquinha preta com número brancos pendurada próximo à sua base. A soma era exorbitante.

Como poderia comprá-la? Eu não tinha emprego tão pouco tinha dinheiro. Era novo. Se fosse virado de cabeça pra baixo caíria, no máximo, um clipe de papel que costumava carregar no bolso. A solução seria pedir dinheiro. Hmmm. Meus pais? Não pagariam tão caro por uma bobagem como essa. Emprego? Não tinha tempo, estudava dois períodos. Pedir na rua? Levaria meses para juntar a quantia...

Aos poucos minha excitação foi murchando conforme as possiblidades de possuir meu objeto de desejo iam ficando menores até se tornarem quase nulas. Volto à realidade, onde aquela jaqueta jamais seria minha e continuo a caminhada para algum lugar.

"Eu não preciso de uma nova jaqueta. Eu nem costumo usar jaquetas."



Outras perspectivas sobre o mesmo tema aqui e aqui.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

-repick

Alguma coisa aconteceu nesse final de semana. Estou deslocado, com frio na barriga e com uma angústia que está entalada na minha garganta ora me deixando com uma raiva incontrolável de mim e de todos, ora me fazendo chorar de desgosto.

Não sei o que está havendo. É como se eu estivesse me afogando em uma piscina de piche, onde eu não posso ver nada. Não sei pra qual lado é a superfície, se é fundo ou mesmo me ver. Só sei que estou me afogando.

"Seu lugar é outro", me martelou na cabeça todo o final de semana junto com sonhos bizarros e incompreensíves. Tenho a sensação que estou vivendo a vida de outra pessoa, que eu não devia estar onde estou. Não que esteja reclamando da vida que tenho, só tenho a certeza que não é a minha. De alguma forma eu sei disso.

E essa angústia. Essa sensação de "é a minha vez de falar na frente da sala toda". Esse frio na barriga que não me deixa.


Algo vai acontecer.